quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Dono

Um dia conversando com uma amiga escutei algo em que penso até hoje, comparando o que o Dono é para o mundo e o que ele é com a sua sub, minha amiga disse que o Dono na verdade é: a essência daquele homem é o mais pura possível quando está com você, porque para os outros ele finge, ele socializa, ele mostra o que quer que a sociedade veja, para você não, ele se mostra como é, ele se mostra o mais puro possível. Ele não precisa te agradar, te ganhar, te seduzir... Pode até ser assim no começo, na verdade precisa ganhar sua confiança e depois disso ele será o que tem vontade de ser, e o mais forte possível de suas vontades e desejos serão com você.
Ainda não consigo pensar claramente a esse respeito, mas gostei de ouvir isso. Às vezes podemos pensar que o Dono foi um pouco mais ríspido, mais sucinto, ou algo assim... mas, e se isso for sua verdadeira essência. E se você pudesse tratar as pessoas sem nenhum fingimento, sem nenhuma politica de boa vizinhança como sempre me ensinou a minha avó, e se você pudesse ser 100% você para as pessoas? Existiriam sempre sorrisos? Sempre palavras educadas e sempre o Sim quando te perguntam se está tudo bem? Olha, posso dizer que comigo não seria assim, posso dizer que sorrisos e cumprimentos ainda me custam bastante em certas ocasiões.
Acho que eu seria muito parecida com o meu Dono na verdade rsrs acho que eu seria muito mais sucinta, e direta, e séria, um pouco mais narcisista, um pouco mais sádica talvez rsrs
Por essas e outras é que isso tudo é tão encantador, pois seja a essência ou seja mais um papel á ser interpretado, é o mais forte e profundo que podemos ser.


Beijos a todos e saudades!!!




quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Mulheres no BDSM

Que saudade daqui do meu lugarzinho quente e aconchegante!!
Eu voltei aqui para conversar um pouco sobre as mulheres e seu encantamento pelo BDSM. 
Numa conversa que tive com uma amiga, estávamos falando de todos os lados que assumimos, como profissionais, companheiras, donas de casa, mães e etc e estávamos tentando achar o período em que fomos mulheres. Este período que temos em comum foi encontrado aqui no BDSM. O momento em que nos despimos de todas as outras faces e damos asas a nossa essência.
Eu indicaria um período como este para todas as mulheres.
O BDSM possui uma essência sexual que acaba estimulando as mulheres a aflorarem sua feminilidade, sua sexualidade, e principalmente sua sensibilidade. No nosso dia a dia, no momento profissional ou materno, até mesmo no casamento e no convívio familiar esses pontos são deixados de lado, é natural a entrega das mulheres ao próximo e é natural deixar de lado sua essência. Mas esta essência precisa ter seu espaço. A sensibilidade e feminilidade da mulher são sua fonte de energia, e por isso precisa estar sempre alimentada.
Quando entramos aqui no BDSM acabamos colocando tudo isso na mesa para ser organizado. Assim como fazemos com as nossas bolsas num fim de semana. E além de organizado, exercitado, é de igual importância.
No inicio tentamos organizar da forma como achamos melhor, geralmente fazendo da forma como queremos ser vistas e aceitas, o que muitas vezes é um erro. Mas a mágica mesmo é quando encontramos nosso Dono. Pode não ser o primeiro ou o segundo, um pode acabar distorcendo essa sua essência, mas o certo, aquele que consegue te curvar com um olhar, aquele que faz você falar Meu Dono ou Meu Senhor com toda a naturalidade do mundo, este vai sim conseguir te mostrar os encantos da sua feminilidade, da sua sexualidade e da sua sensibilidade. Ele faz isso te testando, te tocando de todas as formas possíveis, ele faz isso quando se mostra presente e ausente.
Por tudo isso fico com a minha indicação às mulheres que querem colocar pra fora seus extintos e seus encantos. E todo esse clima, esse ar acaba fazendo com que a gente possa andar pela rua sabendo bem qual o seu papel. Pois o papel da mulher é este, exalar sensualidade, leveza, simplicidade e sensibilidade por onde passar,
Beijos as minhas amigas aqui desse mundo. E logo logo volto.





quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Eu e o meu Mar

Sentada aqui na areia, observando esse mar de vida que Deus me deu, ou alguém desse tipo...
Olhando ondas e mais ondas vindas de todas as partes, umas fortes outras leves, mas uma atrás da outra incessantemente... Sem saber se a melhor forma de passar por ela é me jogar de cabeça ou só sentar aqui e esperar. Esperar que aquela luz enorme lá no fundo chegue até mim? O Sol, ou nadar até ele? Ou ele já está em mim?
Ondas trazem coisas que achei já estarem tão longe, e agora estão aqui batendo em meus pés mais uma vez, observo e vejo que logo outra onda os leva para longe, ou será a mesma onda? Ou continuará por perto?
Uma onda veio e trouxe uma lembrança muito querida que já estava esquecida lá no fundo do mar, outra, ou a mesma onda levou embora. Veio uma onda brava e me assustou apagando essa memória gostosa, depois tudo ficou bem parado por um tempo............
Ufa! Respirei fundo pra ver que outras coisas o mar estava para trazer, restos, destroços, pedaços, compostos, extratos, retratos... todos aos pedaços. Ficou uma sujeira só! E antes deu me levantar para ajeitar tudo e para limpar ali no geral, a Lua veio me ajudar. Aumentou a maré e limpou tudo sozinha.
Ficou tudo vazio. E antes fosse cheio de pedaços pra limpar e remendar! Sujeiras e lixos pra ocupar o espaço, antes algo para se concertar do que esse vazio triste! Lua maldita que levou tudo e nada deixou pra me distrair que não fosse essa paisagem estupida!! 
E logo ela fugiu, a lua foi lá pra longe deixando só um pedacinho do rosto de fora se escondendo de mim. E então a maré se acalmou, e vi pontinhos ao longe que logo foram crescendo, e quando chegaram os pontinhos vi que eram inúmeras rosas, um buque de uma noiva que se casou em alto mar, ou os restos de uma oferente de Ano Novo a Iemanja, ou um presente da Lua que viu minha braveza... E antes estivesse tudo limpinho sem nada pra me incomodar do que esse monte de rosas sujando aqui todo o meu pé que antes só tinha a areia. E agora além de me preocupar com a areia ainda tenho que me preocupar com essas rosas estupidas!
Algumas vezes essas ondas também trazem pessoas que ficaram esquecidas e afogadas em algum lugar do meu passado, e depois leva embora de novo, algumas me deixam tristes outras felizes, mas sei que tristeza ou felicidade sempre vai ser levada por uma dessas ondas. Cedo ou tarde tudo vai e tudo volta...
Mas o que importa é que olhando daqui, agora que já vi tantas ondas, sei que o que faz a beleza desse Mar ser a maior beleza do universo são justamente esses destroços, pedaços, pessoas que vão e voltam, essas rosas estupidas, essa Lua medrosa e esse Sol que ainda não sei se chegará, se vou ter que ir buscar ou se já está em mim, ou ainda se já sou eu.

{katy willing}



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Sono Tuo Devote

EU TE DEVOTO
( Fabricio Carpinejar )

Se você tem um homem ou uma mulher que lhe ama, é muita sorte.

Mas existe algo maior do que o amor: a devoção.

Se você tem um homem ou uma mulher devota, não é apenas sorte, e sim milagre.

O devoto jamais desistirá de você, é amor até depois da morte.

Ele não tem orgulho, tem fé. No orgulho, só cabe um. Já a fé tem espaço para todo o casal.

O voto matrimonial será cumprido realmente pelo devoto (quem ama às vezes não aguenta cumprir a declaração à risca):

“Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.

O devoto foi feito de pele de aço e alma de vidro. Encontra explicações na própria esperança, mesmo quando não é retribuído ou correspondido. Pode ser criticado, ofendido, abandonado, esquecido, maltratado, torturado e não vai desistir.

Ele sofre pelos dois, e se acalma pelos dois. Ele briga pelos dois e se desculpa pelos dois.

Tenho pena do devoto e também admiração.

Nenhum de seus amigos e familiares será capaz de entendê-lo. Porque ama demais, se doa demais, se quebra demais.

É amargamente ingênuo, docemente compreensivo.

Vive mudando sua perspectiva para encaixar a convivência. É um otimista da ação, apesar da tônica pessimista de sua rotina.

Renuncia os objetivos em nome do casamento, da recuperação do casamento, da melhoria do casamento, que talvez nunca venha.

Enquanto é natural procurar motivos externos para justificar a tristeza, o devoto se concentra nas lembranças boas, ainda que raras, para proteger sua vontade de viver.

O devoto é um guerrilheiro da relação, um apaixonado vitalício.

Tem o desespero de ajudar sempre, em atender os pedidos antes de pensar em si.

Ele cessa qualquer trabalho para acolher a súplica de sua companhia. Nunca volta de uma viagem desprovido de uma lembrança, desenha a saudade nos vidros de sua paisagem, derrama-se em reticências nas mensagens. Não encara o nome de sua amada ou amado no celular sem tremer.

Quem ama dorme bocejando, o devoto dorme suspirando.

Quem ama acorda pedindo espaço, o devoto acorda pedindo abraço.

O devoto vai além da compreensão. Escreve cartas, deixa bilhetes de manhã, prepara surpresas, inventa festas. Incansável em sua busca por ser inesquecível.

Ele pode, inclusive, se piorar para não ser melhor do que sua companhia. Ele pode se sonegar para se equiparar ao que recebe.

Eu te devoto supera o Eu te amo.

O único empecilho é que um devoto precisa encontrar um outro devoto para ser feliz.



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Sensualidade, sexualidade, pornografia, erotismo....



Muitas palavras com a mesma base e diferentes estruturas. Muitas formas de se representar e entender o desejo sexual. Mas essa diferença entre os significados que pode ser até bem sútil faz com que seja do agradável ao desagradável as formas de expressão.

Segue um apanhado de significados que achei para cada palavra:

Sensualidade: 
1. Qualidade do que é sensual - (que diz respeito aos sentidos, relativo ao prazer físico) 
2. Lubricidade; volúpia; luxúria
3. São atos, modos, gestos de se comportar e exprimir um sentimento voltado para a intenção de despertar e impulsionar uma vontade relacionada ao sexo em um outro; chamar atenção para si de modo atraente.

Sexualidade:
1. Conjunto de características morfológicas, fisiológicas, e psicológicas relacionadas com o sexo
2. Conjunto de fenômenos relativos ao instinto sexual

Erotismo:
1. Qualidade do que desperta o desejo sexual
2. Amor sensual (sentido físico do amor);
3. Presença ou manifestação da sexualidade
4. Interesse ou desejo sexual frequente e invulgar
5. "Caráter daquilo que é erótico". Sendo que erótica é: "Que se refere ao amor: as poesias eróticas de Catulo / Que se refere ao amor sexual; lubrico, lascívio."

(Abrindo aqui meu parênteses para um dos versos de Catulo:

V
Gozemos a vida, Lésbia, fazendo amor,
desprezando o falatório dos velhos puritanos.
A luz do sol pode morrer e renascer
mas a nós, quando de vez se nos apaga a breve luz da vida,
resta-nos dormir toda uma noite sem fim.)


Pornográfico:
1. Relativo à pornografia
2. Apresentação de sexo explicito ou situações obscenas com o objetivo de despertar o desejo sexual
3. Indecente, imoral

O professorer Sebastião Costa Andrade que é  mestre em Ciências Sociais e Doutor em Sociologia (Universidade Federal da Paraíba) foi entrevistado pela Antropologia.com  sobre o tema e deu uma explicação muito valiosa e direta:

"CVA - Sexualidade, Amor, Pornografia e Erotismo são temas tratados no teu livro. Dá pra conceituar e distinguir cada um deles?"

"Prof. Sebah - Esta não é uma questão fácil de responder. Esses conceitos são complexos e de sentidos e significados múltiplos. Demarcar o território do erotismo e da pornografia é uma tarefa arriscada. Vou tentar mirar apenas nos fenômenos do erotismo e pornografia, já que incluir o amor e a sexualidade demandaria muito espaço. Podemos dizer, em linhas gerais, que há alguns traços singulares entre o erotismo e a pornografia que nos possibilitam estabelecer uma diferenciação razoavelmente aceitável. Uma das diferenças mais comuns diz respeito ao "teor" mais nobre do erotismo, em contraposição com o caráter "vulgar" da pornografia. O que confere esse grau de nobreza ao erotismo é o fato dele não se vincular diretamente ao sexo, enquanto que a pornografia encontra no sexo e na sexualidade seu espaço privilegiado. Dessa forma, o erotismo estaria mais próximo do sexo implícito (portanto aceitável) e a pornografia do sexo obsceno, direto, explícito e comercializável. Porém, distinções desta natureza podem nos conduzir a práticas preconceituosas! Afinal de contas, erótico ou pornográfico, depende dos contextos histórico, cultural ou moral onde esses fenômenos estão inseridos."

A ideia de tornar o sexo, uma relação intimista e de auto conhecimento em algo tão explicito e comercial pode ser o fator que me impede de apreciar o pornográfico, já o glamour a luxuria e a arte por trás de materiais eróticos nos remete justamente a esta sensação quente, de paixão que desperta as sensações físicas da mesma forma que exercita nossos sentidos, nossa percepção, nossa imaginação. Isso sim me atrai e me excita, sinto que são artes que devem ser apreciadas, a luz, o ambiente, a ideia que quer transmitir, detalhes... ao contrario da explicitude da pornografia que por ser tão direta chega a ser ofensiva.
Não condeno, não julgo, não acho errado, até sei que existem momentos para isso, situações certas. Mas tenho minha opinião e sei do que gosto e não gosto. O que também vemos que acaba fazendo parte do caráter e da personalidade  da maioria das mulheres, penso eu, que tem o perfil mais intimista e retraído quanto a este tema, graças as limitações impostas desde sempre para o comportamento feminino ( e das quais não consegui me desapegar completamente ).

Achei este texto muito interessante e até tem muito do que eu estou tentando (não sei se conseguindo) explicar sobre meus conceitos acerca destes temas, e talvez sobre a formação da minha opinião. No texto mostra o lado oposto, essa corrida desesperada dos homens pelo sexo, que na pornografia, por ser uma coisa "fácil e direta" pode ser mais atrativa do que algo mais "elaborado", algo intrínseco que atrai mais a atenção feminina por ser subliminar, sim somos confusas mesmo, e eu sou a personificação da confusão:

Por sermos seres explícitos, somos transparentes e nossa conduta é definida. O contrário se verifica com o sexo oposto: as mulheres são criaturas implícitas. Por serem dissimuladas, suas condutas no amor são confusas, vagas e difíceis de entender.
A explicitude comportamental, aliada à adoração compulsiva ao sexo e à fêmea, confere imensa desvantagem ao homem na guerra da paixão, motivo pelo qual as fêmeas controlam o mercado sexual/afetivo. Elas oferecem e recusam, nós corremos atrás como uns imbecis.
Analogamente às suas anatomias sexuais, os machos são comportamentalmente explícitos e as fêmeas são implícitas. Elas escondem e nós mostramos.
Alimentar a esperança de que uma mulher possa ser explícita em tempo integral é um absurdo: isso violentaria sua natureza. Não obstante, podemos, em certos momentos cruciais e radicais, arrancar meio “à força” (isto é, por meio de situações decisivas) os sentimentos que escondem. Um dos segredos femininos instrumentalizados como poderosa arma na guerra da paixão é a ocultação dos verdadeiros sentimentos e intenções. Ao não entender o que a mulher verdadeiramente quer e sente em relação a ele, o homem se torna imobilizado, estático e manipulável pois quem não sabe o que o outro sente e quer não sabe como agir em relação a ele.
 - http://amordissidente.wordpress.com/

Queria muito a opinião de vocês sobre o texto.

Beijos e saudades de passar por aqui :oP



segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Dommenique Dominatrix: Sobre Crossdressing: Você sabe o que é?



Nosso texto no Blog da Sra. Dommenique!

Yuuupiiiii !!!!!!!



Dommenique Dominatrix: Sobre Crossdressing: Você sabe o que é?: Homens que se vestem com roupas femininas. Esta é a primeira definição que muitos tem a respeito do crossdressing, mas na verdade este conc...

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A ÚLTIMA BOLACHA RECHEADA DO PACOTE

Precisei repostar esse texto do Carpinejar, autor que amo, pois infelizmente cada frase deste texto me lembra muito alguns donos (com d minusculo mesmo) que conheci durante esses meus aninhos aqui pelo BDSM. Alguns apenas. Muitos posso dizer que realmente prezam pelo crescimento das suas subs, com todo o devido respeito tanto durante a relação quanto depois dela.
Para as escravas que de alguma forma tem que enfrentar estes narcisistas só digo que o Dono que não sabe valorizar sua escrava, mesmo ao termino da relação, não a merece realmente. 
O texto fala de uma relação baunilha, mas nestes aspectos da arrogancia (e em tantos outros aspectos) não faz diferença alguma qual o tipo de relação...


Arte de Mimi Parent


A ÚLTIMA BOLACHA RECHEADA DO PACOTE



A vingança é um efeito colateral da vaidade. É um sinal da arrogância que existia desde o começo da relação.

Ninguém se torna vingativo, as pessoas já são vingativas e demonstram a predisposição de destruir logo no primeiro encontro.

A vingança não é uma novidade do fim, mas uma notícia velha do início.

Não venha dizer que só conheceremos com quem a gente se casou quando nos separamos. A gente conhece de quem a gente vai se separar quando casamos.

Quem se acha demais acaba se vingando. Porque pensa que, ao namorar, realiza um favor. Porque pensa que, ao namorar, concede o bilhete premiado de sua companhia. Porque pensa que, ao namorar, está garantindo a simpatia de sua conversa, a gentileza de sua personalidade, a dádiva de sua alegria, o luxo de seu humor, atributos raros e impossíveis de se jogar fora.

Quem se acha demais não namora, na verdade dá uma chance.

O tipo narcisista se coloca na posição de provedor da verdade. É afetado, unilateral e autoritário – tornou-se assim pela beleza, pelo dinheiro ou pela projeção social.

A questão é que se enxerga perfeito e intocável e confunde sua presença amorosa com filantropia.

O narcisista não admitirá qualquer crítica, e a separação é a maior delas, discordância evidente de seu modo de vida.

Jamais aceitará que errou, jamais pedirá desculpa, jamais arcará com a responsabilidade de seus atos, jamais carregará culpa pelo distanciamento. Não tem humildade da autocrítica para acolher suas falhas, muito menos sente o remorso que vem da saudade. Não tem aquela pontada natural após uma ruptura, aquela tristeza baldia e consciência aguda de que foi desatento e que poderia ter sido diferente.

Não atravessa o luto, parte direto para a represália. Uma vez rejeitado, fará de tudo para mostrar que a pessoa nada é sem ele. Diante de uma ruptura, pode deflagrar perseguição, boicote e uma série de constrangimentos sociais. Procura humilhar quem antes adorava, procura rebaixar quem antes endeusava. Troca de lado: odeia com todo o ânimo quem amava.

Sua generosidade é investimento ou um modo de manter o controle da situação. O que oferece ao longo da convivência cobrará no final.

É tão centralizador que usa a dor para aumentar seu poder e castigará qualquer um que renunciou o prazer de seu reflexo.

O narcisista é vingativo por perceber o amor como uma monarquia. Sem ele, o outro não é nada, não tem história, não tem passado, não tem futuro. Distanciado de seu domínio, perde o direito à coroa e converte-se, de novo, em reles súdito.

A vingança é vaidade, mas não tema, não se acovarde.

A última bolacha recheada do pacote ficará para as formigas.